quarta-feira, 11 de maio de 2011

CONTEMPLAÇÃO DA LUA 2011 - TEMPLO BUSSHINJI

CONTEMPLAÇÃO
DA LUA
2011

18 de abril de 2011
Espaço Cultural Soto-Zenshu
Templo Busshinji
Rua São Joaquim, 285, São Paulo


O QUE FOI
Durante o outono, quando a lua cheia surge de forma esplêndida, os japoneses costumam admirá-la e aproveitam para compor poemetos conhecidos por haicai ou haiku, acompanhados de comida e bebida.
Para os poetas de haicai, a estação do outono tem um significado profundo, de grande introspecção. A lua de outono é um dos temas preferidos deste exercício poético.
Simbolicamente, nesta estação, a lua se mostra mais próxima aos olhos do poeta e, portanto, imensamente grande. Veja como foi em 2010,2009,2008, 2007, 2006, 2005, 2004, 2003, 2002, 2001, 2000 e 1999

COMO FOI
Sob protestos cerrados, o evento foi marcado para uma ingrata segunda-feira paulistana. Por conta de compromissos pessoais ou presos no inferno do trânsito, muitos dos tradicionais participantes sequer puderam aparecer. Reduzidos a apenas seis heróis, os haicaístas postaram-se no terraço sem luz e sem qualquer outro conforto do anexo do Templo Busshinji, no bairro da Liberdade, para mais uma Contemplação da Lua. Por todas as direções, prédios obstruiam a visão do céu nebuloso e sem estrelas. Ainda assim, dando as costas a todas as adversidades e tapando os ouvidos à cacofonia da megalópole, os haicaístas lograram encontrar uma fresta entre dois edifícios, na qual surpreenderam a lua em toda a sua intimidade, passando a escrever os haicais que se seguem:

Finalmente surge
Entre nuvens passageiras
A lua da noite.
Alberto Murata

A lua de abril
Todinha resplandecente
Saúda os poetas.
Alberto Murata

No espaço entre os prédios,
Aparece entre nuvens
A tímida lua.
Alberto Murata

Poetas a postos.
Demora pra se mostrar
Luar da cidade.
Alberto Murata

Noite na rua
Quatro lanternas
A última é a lua
Danita Cotrim

Luzes da cidade
Competem com a lua.
Quem ignora quem?
Danita Cotrim

Cortina de nuvens
encerra a lua branca
Fim de expediente
Danita Cotrim

Seis adultos no telhado
Brincam de esconder com a lua
E viram crianças
Danita Cotrim

Os velhos remoçam
relembrando suas histórias
à espera da lua.
Edson Kenji Iura

A lua entre nuvens--
Bisbilhoto as janelas
dos prédios vizinhos.
Edson Kenji Iura

À espera da lua
luzes se acendem e apagam
nos prédios vizinhos.
Edson Kenji Iura

À espera da lua
no céu claro da cidade
nem mesmo uma estrela.
Edson Kenji Iura

Neste imenso céu
num jogo de esconde-esconde
procurem a lua!
Francisco Handa

Lua enevoada
no encontro do velho amigo.
Prosas e poemas.
Francisco Handa

Um suspiro apenas.
Surge radiante lua
por detrás das nuvens.
Francisco Handa

Por detrás das nuvens
de branco ficou a lua.
Rastros de poeira!
Francisco Handa

Procuro você
Lua oculta, em cima, longe.
Você fugiu.
Valéria Steiner

Olho para o céu
Entre as nuvens avermelhadas
Lua que se esconde
Valéria Steiner

Quatro pessoas
dois homens, duas mulheres
Desnuda-se a lua
Valéria Steiner

Nuvens paralisadas
e você se esconde, lua.
Falta um haicai
Valéria Steiner

Liberta das nuvens
surge a lua-desta-noite.
Silêncio nos prédios.
Zuleika dos Reis

A lua entre os prédios
vai e vem, vem e vai.,
É noite de abril.
Zuleika dos Reis

São muitos degraus
e nuvens demais no céu.
Saudade da lua.
Zuleika dos Reis

Terraço do templo.
Quantos mais estão à espera
da lua-desta-noite?
Zuleika dos Reis

REALIZAÇÃO
Espaço Cultural Soto-Zenshu 
Apoio Cultural: KakiNet